segunda-feira, 8 de julho de 2013

Aplausos na igreja, apupos na rua



Depois de conferir se o esforço do meu conterrâneo Rui Costa, na volta à França, era mais rentável que os “SWAP’s” da Refer, troquei de canal. No ecrã do meu televisor estava agora o ex-bispo do Porto, recentemente nomeado Patriarca de Lisboa. Celebrava uma Missa. Na assembleia viam-se várias caras conhecidas. Em lugar de destaque estava o ex-Primeiro-Ministro de Portugal, Aníbal Cavaco Silva. Do outro lado, estavam, na primeira fila a Presidente do Parlamento, reformada e bem-paga, Conceição Esteves, ladeada pelo ex-primeiro-ministro, Passos Coelho. Na fila imediatamente a seguir via-se a futura ex-ministra Assunção Cristas, o futuro ex-ministro Mota Soares e o futuro-ex-primeiro-ministro Paulo Portas. Pensei, para comigo: deve ser a missa do sétimo dia, só pode ser.
O cadáver não se via. Aliás deixou de ser visto mal nasceu. Fiquei atento. Queria ver quem iria fazer o elogio fúnebre. E esperei, ansioso, para saber quem ia demonstrar tal capacidade intelectual para elogiar quem nada fez, que merecesse ser destacado, enquanto vivo.
Esperei em vão. Não só não era missa de corpo presente, como nem sequer o morto estava morto. Aquilo, pela composição da assembleia, parecia uma missa de Acção de Graças. Mas esperei. Esperei e confirmei o que já há muito suspeitava. Dentro da Igreja é o único sítio onde não apupam os nossos governantes.
Se eu lá estivesse, eu apupava. E não me podiam "deter para identificação" por me manifestar em lugar "sagrado" porque, se se pode bater palmas aos políticos, também podia eu cantar o Grandola. Que pena eu não poder ter lá estado...

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