quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

Finalmente acabaram

Era manhã, bem cedinho. A iluminação pública ainda ardia, ofuscando os enfeites de natal, dificultando a minha tarefa de testar a luz matinal na velhinha D70.
Dentro do velho R19, ouvi no rádio a queixa de Manuel Alegre. Não percebi puto. Não era para ser percebido.
Afinal, na noite anterior, tinha havido um “debate” na televisão, e depois, esqueceram-se do poeta para o debate da nação. Porra! Isso não se faz.
Os portugueses, pelo menos alguns deles, vão escolher em consciência mais um homem que vai gozar o resto da sua vida em condições razoáveis, se compararmos com os mais ricos do mundo.
Acabaram os pseudo-debates na televisão. Não mais irá ser mostrado aos simplórios portugueses, um monólogo entre dois amigos. E pelo visto ontem, ambos quiseram os louros do que não fizeram. Um porque foi primeiro-ministro no tempo das vacas-magras, e o outro porque não quiz fazer.
Afinal qual é o papel do presidente da republica? Ou será que eles ontem ainda não sabiam que não vão voltar a governar o país?
Finalmente acabaram... ufa!
Vamos a ver se eu volto ao normal, é que já me apercebi que ando transtornado. Porque será?

quarta-feira, 30 de novembro de 2005

O regresso

Após algumas semanas de resistência, caí na tentação.
Ouço o mar ao escrever este post, vejo ao clarão provocado pela iluminação da cidade da Póvoa de Varzim, porém, porque não é lucrativo, estou privado do acesso à Internet, via banda larga. Mas hoje cedi à tentação, e quebrei.
Ouvi o ministro Manuel Pinho a dizer que as derrapagens não podem ser toleradas, referindo-se ao custo de uma linha do metro de Lisboa. Mas afinal, ela falava para quem?
O Vaticano publicou um decreto proibindo a ordenação de padres homosexuais. Curioso, eu julgava que os padres eram celibatários, mas enganei-me. Afinal só era proibido "eles" fazerem sexo com mulheres, com homens era permitido. Que coisa!
Mário Lino, sempre o conheci a defender a nacionalização dos sectores chave da economia. Agora que podia levar à prática essa sua ideia política, já pensa de maneira diferente. O que mudou para que tal tivesse acontecido? eu não me apercebi de nada.
Grandes governantes escolhemos. Será que não merecemos melhor?

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Bem feito, que é para não proibirem manifestações

A proibição dos militares participarem na manifestação de hoje, por parte do governo, teve como consequência outra manifestação: uma frente ao Parlamento e outra no Mercado da Ribeira.
Bem feito! Quem é o governo para restringir as liberdades dos portugueses?

A boa disposição de Sócrates

Temos um Primeiro-Ministro muito bem disposto! Gosto de o ouvir no parlamente, com o seu apurado sentido de humor.
Só que ali, no parlamento, não me parece ser o local certo para se brincar, sobretudo quando se trata de discutir assunto sério, como era hoje o caso.
Mesmo assim, gostei de o ouvir. Só tenho pena de eu também não ter motivos para andar assim tão bem disposto. É que eu sou português, mas não sou governante.

Poemas sem nome 9

Digo o teu nome.
E ao fazê-lo tudo em mim se esfarela
E transforma em desalento...


Armando Vicente

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Poemas sem nome 8

A chuva é uma serenata
Tão melodicamente cantada
Que chego a ter medo
Que tudo o que oiço seja mentira...


Armando Vicente

A verdadeira democracia

Os alemães votaram, e parece que causaram um enorme "katrina" político.
O resultado parece configurar um empate técnico, com ligeira vantagem para a CDU, porém, sem maioria que lhe permita formar governo "estável", sendo que, como o SPD parece reunir maior concenso, será Gerhard Schroeder a formar governo, o que à perimeira vista parece perverter a democracia. Mas não! Não, desde que a coligação que o apioar tenha maior número de votos expressos nas urnas, o que está a causar um grande mal-estar entre nós, basta ouvir o que dizem os "especialistas", enviados especiais dos mais diversos orgãos de imprensa.
Enfim, eles lá sabem porque se apoquentam.

sábado, 17 de setembro de 2005

Rabo de fora

Independentemente de saber quem tinha razão, foi bonito ver a postura de dois dos candidatos à presidência da Câmara de Lisboa.
É absolutamente normal uma pessoa , depois de se ter chateado, não cumprimentar o seu interlocutor. Eu também sou assim! Mas eu não sou o marido da Bárbara Guimarães, se o fosse teria que ser mais cuidadoso. É que podia estar a ser visto por muita gente, e eu tinha que dar uma imagem de bem-comportado, embora no meu íntimo, tivesse vontade de lhe partir as ventas.
Por acaso não se provou nada sobre a sanita, mas mesmo que se tivesse provado, o Carmona que lhe atire a primeira pedra.

Iniciando



Di

Poemas sem nome 7

Por não saber como falar-te,
Chego a sentir-me
Um cemitério de sentimentos...


Armando Vicente

To be or not to be

Alguém me sabe dizer em que legislatura estamos? Ou depende dos interesses do PS?

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

More jobs for the boys

As nomeações do governo não podem causar espanto. É normal que quem governa escolha os seus executores, o contrário é que seria perverso. Mas escolher pessoas dentro do partido para exercerem cargos, cuja imparcialidade é condição indispensavel, parece-me um pouco descabido. Um Tribunal, qualquer que ele seja, tem que ser imparcial, e Guilherme d'Oliveira Martins não pode ser imparcial, pois também não é independente.
Não é por nada, mas se eu precisar de uma maozinha no Tribunal de Contas, a quem me devo dirigir?
É que quando me fizerem a pergunta habitual, a minha resposta é a mesma: não sou militante!

Poemas sem nome 6

A cinzel,
Nas lousas do tempo, gravo
Letras ferrugentas
Deste cheiro a cravos
Que paira no ar.

Divindade morta
Por essa ferrugem,
A poesia renasce ao entardecer

(Porque a noite renova,
Por dentro,
O que apenas vemos por fora!...).


Armando Vicente

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

As Torres de Troia

É verdade que só foram demolidas duas torres em Troia, por questões de solidariedade com os americanos?

Portal do Governo

Para quem quiser colocar questões ao governo, aqui fica a morada:
http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Geral/Contactos

Um recado ao Sr. Ministro

A iniciativa do governo Ligar Portugal, a ser conseguida, merece o meu total apoio. Portugal está muito atrasado, relativamente à maioria dos nossos parceiros da comunidade, e se o governo conseguir os objectivos definidos na iniciativa, ficaremos no pelotão da frente, em matéria de tecnologia de informação e comunicações.
Porém, para a iniciativa ter êxito, é necessário que portugal esteja dotado de infra-estruturas, o que actualmente não acontece. Eu gostava de poder ajudar o governo a conseguir o pleno êxito da iniciativa Ligar Portugal, mas não posso. Não posso porque estou desde o primeiro minuto à espera que a PT, detentora do monopólio da distribuição telefónica, se digne dotar a zona da minha residência, com tecnologia que me permita aceder à internet via banda larga. Não há muito tempo, porque foi muito pressionada, "trouxeram" a possibilidade de acesso à Internet em banda larga ao centro da freguesia, talvez por causa das escolas, mas dois quilómetros a norte, precisamente onde resido, ainda temos que nos sujeitar à lentidão e, acima de tudo, ao custo elevado do acesso a “56K”.
Por isso, e sem ser pessimista, não acredito na iniciativa Ligar Portugal. O recado para si, Sr. Ministro da Ciência e Tecnologia, é o seguinte: para ter sucesso na sua iniciativa, precisa de todos os que como eu prontamente aderiam à banda larga, mas para isso é necessário que tenhamos acesso a ela. Não pode dar um jeitinho nisso?

Destruição de sinagogas na faixa de Gaza

Israel desocupou a Faixa de Gaza. As imagens de milhares de palestinianos a festejarem efusivamente a libertação, bem ao seu jeito - disparando para o ar - ficou aquém das expectativas. Depois da provocação israelita, ao demolir todos os edifícios que, eventualmente, pudessem ser reutilizados pelos palestinianos, deixando intactas as sinagogas, pode muito bem ser mais um motivo para aquecer o ambiente político na área. A ver vamos.

Parabéns Tiago




Tiago Monteiro voltou a suprpreender os mais "distraídos". Terminou em oitavo lugar, somamndo mais um ponto, numa corrida onde nada de anormal se passou. A sua posição no final da corrida deve-se, exclusivamente, à sua enorme categoria como piloto de formula 1. Parabéns Tiago! Be on edge.

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Pedofilia e infanticídio

"A vítima, encontrada morta segunda-feira em sua casa, era uma criança surda-muda, amblíope e tinha deficiências de locomoção. No dia seguinte, dois jornais relataram que a vítima vivia com a mãe, de 27 anos, e o companheiro, de 16 anos."
Este caso, amplamente relatado nos jornais, merece uma reflexão, sobretudo porque "... a vítima vivia com a mãe, de 27 anos, e o companheiro, de 16 anos...". Neste caso, "companheiro" significa viver maritalmente, não é? Então o caso é bem grave, à luz do nosso Código Penal, porque configura vários crimes: dois de pedofilia e um "infanticídio".
E os vizinhos do "casal" sabiam da relação entre a mãe da criança e o adolescente? E nada fizeram?
Não nos devemos imiscuir na vida privada de cada um, mas não foram os "meninos" de Belém que desencadearam o famoso caso "Casa Pia"?

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Coisas naturais


Cogumelo

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Prós e Contras

O programa Prós e Contras,exibido ontem na RTP, ficou aquém das expectativas que o spot promocional gerou em muitos portugueses. E eu que julgava que as presidenciais iam ser o tema de fundo. Tão ingénuo sou!
No painel haviam apoiantes de Soares e Cavaco, um apoiante de Sócrates e uma jornalista que teimava em falar do que está mal no nosso país. Os dois jornalistas que estavam na plateia, como convidados da Fátima Matos Lima, perdão, Campos Ferreira, foram os que mais claramente falaram de economia. E confirmaram os medos dos portugueses.
É comummente aceite que um dos males do país está nas despesas correntes do Estado, e isso é que amedronta os portugueses, os que estão “a mais” no aparelho do Estado, e os que não estando, vão sofrer directamente as consequências: é que, sendo inevitável o despedimento, nada garante que os que vão sair, vão ser os que entraram no período das “vacas gordas” (leia-se governos Cavaco e Guterres), que foi o período em que mais funcionários públicos foram admitidos.
E agora pergunto eu: se eu não comi desse banquete, porque raio tenho que pagar a factura?
A propósito de gastos excessivos, a jornalista que teimava em falar do que vai mal neste país, dava notícia de casos em que os dinheiros públicos eram claramente mal empregues, em Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais, em que nos respectivos boletins informativos, se dava conta de apoios e subsídios a coisas absurdas. A mais absurda é a Câmara Municipal de Lisboa ter apoiado a Festa do Avante. Mas é assim o nosso país! A falta de credibilidade que os eleitores demonstram, na classe política, não terá a ver com isto?
E quanto às presidenciais, estamos falados. Soares e Cavaco são já apresentados como os potenciais vencedores, não nos restando espaço de escolha credível. Soares não quis que o seu amigo Manuel Alegre enfrentasse Cavaco. Porquê? Será que ele, Mário Soares, está vocacionado para ser um “adorno” na nossa democracia até morrer? A ser assim, morra Mário, morra! Pi.

USA today

A culminar as imagens “assombrosas” que recebemos do Louisiana, chegou-nos recentemente a notícia da morte de cinco pessoas, vítimas de um tiroteio entre polícias e militares (que absurdo!).
É assim a América dos nossos dias.
Para quem só via o estilo de vida “coca-cola” deve ter sido um choque. Bem feito, que é para não acreditarem em tudo o que lhes dizem.
Mas há mais. Há muita mais miséria por aquela imensa nação, só que, se não houver outra tragédia, e esperemos que não haja, nunca veremos essa América “profunda”, que nos é sonegada nas televisões. Mas ela existe! Existe e sofre, tal como sofrem os que são oprimidos pelos poderosos americanos.

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

Isto é na América
















Nova Orleães antes e depois do Katrina

Um castelo de cartas

É impressionante o que se passou no sul dos EUA. Grande tragédia humanitária provocou o furacão “Katrina” (vá lá saber-se porquê este nome)! E nós só conhecemos o que se passa em New Orleans. Como será no resto do Estado de Louisiana?
As causas destas catástrofes naturais são por mim desconhecidas, mas julgo ter a ver com as mudanças climáticas que, por acção do homem, estão a ter influência no nosso modo de vida.
Portugal, como lhe compete, no âmbito da solidariedade internacional, prestou-se a ajudar o povo americano, tal como tem feito em situações semelhantes, em países onde isso, quando acontece, toma dimensões gigantescas, devido à sua pobreza e subdesenvolvimento.
Mas aqui trata-se da maior super-potência do planeta. Trata-se do país que se envolve em toda a parte, onde os povos “precisam” ser libertados de ditadores, normalmente hostis ao regime e poder americano, despendendo avultadas verbas em armas e outro material bélico, mesmo sem que lhe seja solicitado. Não entendo porque é que “eles” nunca se preocuparam com Portugal, que viveu sob ditadura quase meio século. Mas enfim, como diria a SIC, trata-se de uma questão de critério político.
Esta tragédia, chamada Katrina, veio pôr a nu a realidade americana. Se acontecesse em New York, certamente que o mundo assistiria a um enorme aparato, socorrendo prontamente as vítimas sobreviventes e seria um espectáculo para o mundo, mas como foi no sul, no sítio onde vivem os negros mais pobres, e como isso não lhes dava “credibilidade” no mundo, erraram ao avaliar a situação, e só tarde-a-mal e a más horas é que tomaram consciência da gravidade da tragédia. No entanto é notória a falta de capacidade das autoridades para resolverem a situação. Afinal a super-potência que nós conhecíamos, só existe no papel. Ou talvez existisse mesmo, mas desmoronou-se como um castelo de areia. A super-potência, só o é em armas para fazer a guerra, em vontade e coragem para ajudar o seu próprio povo, é tão frágil como o terceiro-mundo, ou talvez pior, já que o seu orgulho atrasou o pedido de ajuda internacional. O Eldorado que se via nas televisões afinal é só para alguns.

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

À procura de ajuda



Foto publicada no Público.pt

A crise humanitária provocada pelo "Katrina" nos EUA é mais grave que o que se pensou inicialmente. Os americanos falharam na "resposta inicial" e o presidente Bush já admitiu isso mesmo.
Portugal prepara-se para ajudar, se a isso for chamado, tal é a dimensão da tragédia. mas o que me preocupa mais, para além do drama das pessoas atingidas, é o facto de se ver sempre as tropas americanas em cenários de guerra, liderando a "coligação" de forças para derrotar os "terroristas", mas em situações de paz, de catástrofe natural, os americanos precisam de quem os lidere, para fazer face à tragédia. É caso para dizer: preparam-se para a guerra e não para a paz.
E assim vai o mundo!

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Original ou cópia?

Na corrida presidencial já se apresentaram dois candidatos, sendo que um não conta. Nenhum orgão de comunicação social lhe dará muita importância. No horizonte temporal, não muito distante, parece ser inevitável o aparecimento na “contenda” da ilustre figura do professor Cavaco.
Ora ,se nos apresentarem como potenciais vencedores apenas Soares e Cavaco, e se não for apenas para distrair o povo, por mim podem atirar uma moeda ao ar e, desse jeito, escolher o próximo presidente, poupando ao país uma pipa de massa, contribuindo dessa forma para a contenção do défice. Qualquer um deles é bom, e ambos são maus, dependendo a apreciação da situação económica de cada eleitor. Venha o diabo e escolha. Eu não votarei em nenhum deles.
PS:
se atirarem a moeda ao ar, proponho que a face da cara seja o Soares. Não é por nada, mas acho que fica bem.

É um maná

Ainda me recordo de, nos meus tempos de menino, ouvir o meu pai dizer, ao referir-se a uma coisa que dava muito rendimento, muito lucro com pouco esforço, “ aquele negócio é um maná”. Nos tempos que correm, esse termo “maná” está em desuso.
Hoje, ouvi uma notícia na RTP que dava conta da possibilidade do “bispo” Jorge Tadeu, líder de uma seita religiosa brasileira, se tornar num dos proprietários da TVI.
Não há dúvida de que o nome da seita foi bem escolhido: Igreja Maná!
Nota:
maná, substantivo masculino;
-RELIGIÃO (Bíblia) alimento caído do céu, que alimentou o povo de Deus (Israelitas) no deserto;
-figurado alimento delicioso; coisa muito boa;

Fim de férias

Com o período de férias a aproximar-se do fim, a actividade nos blogues tende a voltar ao normal. Não é que eu tivesse tido um período de descanso, mas o certo é que também eu de “desleixei” com a actualização do nado-vivo.
Ao dar uma vista de olhos pelos blogues, fiquei triste, muito triste, por encontrar alguns, ditos de esquerda” e que pouco mais fazem do que se envolverem em insultos a quem os questiona. Foi o caso do Vale a Pena Lutar (ou será "combate"?), mas há mais, infelizmente há mais.
Sejam crescidinhos e educados. Respeitem as opiniões de todos. Contradigam-nas com elevação.
Ontem, Mário Soares anunciou o que já sabíamos, confirmando a sua tese “só os burros é que não mudam”. Mas como posso confiar nele se, desde que ele apareceu por cá, vindo do “exílio” num hotel de Paris, anda sempre a mudar de opinião? Quem me garante que agora ele está certo? E depois, a sua “desculpa” para dar o dito por não dito, ao afirmar que não havia nenhuma candidatura à esquerda, capaz de enfrentar Cavaco Silva, fez-me soltar uma gargalhada. Será que ele pensa que é de esquerda? Pobre troca-tintas.
A TSF dava conta da saudação de Carvalho da Silva, líder da CGTP, a Soares. Sem comentários.
António Costa fartou-se de elogiar o anterior governo. Compreendo. Estava tão empolgado com as medidas que vai tomar, agora que os fogos amainaram, que se deve ter desleixado e... escapou-se-lhe aquele desabafo. Afinal tão diferentes e tão iguais.
Bom, pelo que se passou neste período normalmente calmo, do ponto de vista político, desconfio que a bonança estará para breve. Vou-me preparando, para não me deixar surpreender, é que desta vez eu quero marcar um bom lugar no festim.

sábado, 20 de agosto de 2005

E se...

E se... Pacheco Pereira, depois de comprar o jornal e se dirigir para o metro londrino, for "confundido" com um terrorista, preso por um polícia, não oferecer resistência, e levar com sete balas nos cornos, a Eunice Goes, correspondente do Expresso, teria razão para escrever o que escreveu, e que tanto irritou JPP?
É óbvio que a polícia quis mostrar serviço. E mostrou, mas errou. E o brasileiro que foi abatido a tiro, a sangue-frio, serviu para acalmar os ânimos. Agora já poucos reclamam justiça. E, afinal de contas, a vida do brasileirito pouco valia.
E se... fosse JPP o abatido, Eunice Goes era uma heroica defensora da liberdade.
Continua a haver falta de bom senso neste meu pobre país.

sexta-feira, 19 de agosto de 2005

Portugal a ferro e fogo

E de repente passou uma semana! Inteirinha!
Portugal continua a ferro e fogo, em brasa, e não falo só de incêndios, falo dos tão badalados e pouco utilizados "Planos Municipais de Emergência". Municipais e Distritais.
Que coisa tão Divina que nem se pode utilizar quando é preciso!
Finalmente, depois de 25 mil hectares de mata ardida, depois de Portugal ter ficado mais pobre, as "autoridades competentes" decidiram activar o Plano Distrital de Emergência. Para quê, se já estava tudo queimado?
Cá para mim, o tal PME deve ser muito caro, e não valia apena o prejuizo, ou então, é tão ineficaz que nem valia a pena perder tempo a activa-lo.
Enfim, no meu país os interesses económicos mandam mais que o bom senso, se é que ainda há "autoridades competentes" que o tenham.
O 7º RELATÓRIO QUINZENAL PROVISÓRIO - 17 AGOSTO 2005, da Direcção- Geral dos Recursos Florestais, dá vontade de rir, informação útil dá pouca. Será também falta de bom senso?
José Gomes Ferreira, Sub-director de Informação da SIC Online tem razão quando escreve que "o país está a arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda" num artigo intitulado "A indústria dos incêndios".
E ninguém faz nada!
E assim vai Portugal, um jardim ( quase queimado)à beira-mar plantado

Rititi

rititi

Porra! De férias? Talvez seja boa ideia.
Vai e volta, de permeio goza bem o tempo de ócio que tens disponível.

PS (não socialista):
Que raio terá o Francisco a ver com a Rititi?

sexta-feira, 12 de agosto de 2005

Portugal versus Brasil

José Magalhães, Secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, num artigo publicado num suplemento do JN, dedicado às novas tecnologias, mostra-se preocupado com a situação no Brasil, no que diz respeito ao acesso às novas tecnologias. E chega a comparar a actual situação brasileira com o que se passou em Portugal, com o gigante das telecomunicações português a ditar as leis. Pois bem, agora que o Dr. José Magalhães é membro do governo, que tal se fizesse "uma forcinha" para alterar o actual estado das coisas? É que, por causa de não sei lá o quê, eu que ouço o mar sem sair de casa, no concelho da Póvoa de Varzim, ainda estou privado do acesso à banda larga. Gostava que o Sr. Secretário de Estado se preocupasse mais com o Portugal.
Avisar os brasileiros não vai adiantar nada, se quem tem poder de decisão não quiser inverter a actual situação, repondo a normalidade, e obrigando a PT, como prestadora de serviço público, a cobrir a totalidade do país com infra-estruturas capazes de assegurar o acesso à banda larga (e a tudo o que ela implica) a todos os portugueses.

quarta-feira, 10 de agosto de 2005

Mudar de camisola

A lêr no Jornal do Fundão, um editorial de Fernando Paulouro Neves.

O fim do mundo

A profecia que fala do fim do mundo começa a fazer sentido. Nunca acreditei que "Deus" fosse capaz de por fim à sua criação, e agora começo a perceber que tinha razão. As condições que levaram ao aparecimento de vida na Terra começam a escassear, e a pouco e pouco, começamos a desaparecer. É o fim do mundo, mas não é "Deus" o culpado, é o homem!
Já começa a ser consensual a tese, segundo a qual, o clima está a mudar, e com a mudança, as condições de vida na terra também mudam. Os que se conseguirem adaptar à nova situação atmosférica sobreviverão, os outros perecerão. E assim vamos deixar de existir.
Não deixa de ser medonho um homem vivo falar do fim da vida, mas é o que vai acontecer, não tarda nada. A cada ano que passa, a qualidade de vida no planeta degrada-se consideravelmente, e eu assisto, impotente, ao descalabro ecológico, para onde a ganância de uns "energúmenos capitalistas" vai arrastar a vida na Terra. E isto não é uma profecia, é mesmo a realidade.
Resta-me esperar, e morrer descansado, mas com uma revolta tremenda na alma.

domingo, 7 de agosto de 2005

Poemas sem nome 5

Olhei as minhas mãos,
Estavam calejadas e sujas!
Sujas de terra...

(Que quimérico desalento
É procurar casa Poesia-tubérculo
Enterrada à espera de Primavera
Que não vem
Porque, no céu,
Só há nuvens de terra
Que não se sabem chover...).


Armando Vicente

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

SFF

Micro-causas:
Pode o governo SFF colocar em linha os estudos sobre o aeroporto da Ota para que na sociedade portuguesa se valorize mais a "busca de soluções" em detrimento da "especulação"?


Aqui há gato! Ao fim de tantos anos e euros gastos ainda não concluíram nada?
Por mim, que venha o aeroporto, mas depois de as necessidades básicas dos portugueses estarem satisfeitas.

Ota e TGV: sim, mas...

Eu concordo com esses megalómanos projectos, só não entendo uma coisa: para que servem?
Aliás, nem o seu custo eu conheço. Será que alguém conhece?
Portugal precisa de se modernizar, deve fazer todos os esforços para se poder equiparar aos demais parceiros da União, e a criação de infra-estruturas que nos ajudem a não nos afastar mais da média europeia, devem ser apoiadas. Que bom ter-mos um comboio de alta velocidade... e um aeroporto moderno, fora de Lisboa, sem atrapalhar o crescimento da cidade. Eu aprovo a ideia!
Mas, convém não esquecer que, vivendo eu a poucos quilómetros da cidade da Póvoa de Varzim, ainda não sei o que é a tão badalada Banda Larga. E Portugal ainda tem carências mais prementes, como por exemplo, meios próprios para o combate aos incêndios, legislação que permita o racionamento de água em épocas de seca, impedir que pontes caiam por falta de manutenção, vedar as falésias, em risco de derrocada, junto da costa, para evitar que morra mais gente, etc. etc. etc.
Por isso, Ota e TGV sim, mas depois de coisas mais importantes para Portugal e para os portugueses.

A FAP e os incêndios

Há dias foi notícia o facto de um helicóptero espanhol ter sido interceptado por dois caças da FAP. O “intruso” invadiu o espaço aéreo português, ao que parece, sem autorização prévia de quem de direito. Funcionou bem o nosso sistema de vigilância. Ainda bem que assim foi, apesar de o “intruso” ter sido “contratado” para ajudar no combate aos incêndios em Portugal.
O Presidente da Câmara de Pombal, disse aos microfones da RTP que, munícipes seus tinham visto “aviões” particulares a lançarem algo para o solo, e que logo após, deflagraram vários focos de incêndio. Aqui o nosso sistema de vigilância falhou. Porque terá sido?
O ministro António Costa divulgou o número de meios que estão em acção no combate às chamas: Podia ter revelado dez vezes mais. O que se constata é que mesmo assim são insuficientes. Espero para ver se essa insuficiência vai ter repercussões na sua carreira.

Pobre país o meu

A derrocada de uma falésia em Peniche matou um casal de espanhóis. O Presidente da Câmara local, com a maior naturalidade, deu notícia de mais dois acidentes mortais, ocorridos anteriormente. Por acaso o sr. Presidente da Câmara de Peniche sabe que o é? Olhe que a responsabilidade é sua. Se a área estivesse vedada e vigiada, ninguém teria morrido, tanto mais que é do conhecimento público, tal como afirmou o autarca, que as terras naquele local são instáveis. Que pobre é o meu país.

Ausência do Primeiro-ministro











(foto: DN Online)



O país arde! Portugal, como já vem sendo habitual nos meses de Verão, é pasto de chamas. Cenas dramáticas são reportadas nos noticiários das rádios e televisões. Até nos blogues se pode ler relatos do drama das pessoas afectadas. É o país que somos!
Pacheco Pereira reclama, no seu blogue, o fim das férias do senhor Primeiro-ministro. Para quê? Será que alguém deu pela sua falta? Eu nem sabia que "ele" estava de férias.

terça-feira, 2 de agosto de 2005

Poemas sem nome 4

Portugal,
Rocha dura, bruta!
Labuta
De homens crestados
Pelo sol. Carreiros
De cabras; picos altaneiros,
Trigo ao Sul, centeio...

Portugal,
Broa granítica, manjar
Eterno de gigante...

Armando Vicente

Grande Sócrates!

De repente, parece que tudo corre bem neste país! Agora só se fala em Soares e Cavaco. Até parece novidade eles terem vontade em se cadidatarem a Belém.
Sócrates pode não governar bem Portugal, mas que é um "expert" em desviar as atenções dos portugueses, disso não tenho dúvidas. Grande Sócrates!

Duelo de... são sempre os mesmos?

E pronto, Mário Soares apenas foi a Belám para ouvir Jorge Sampaio, segundo o próprio afirmou. E Cavaco Silva? Também foi só ouvir o Presidente?
Pois é, um deles vai ser o futuro presidente, e estas audiências, com o actual caseiro do Palácio de Belém, devem ter servido para os candidatos conhecerem de perto as finanças da Presidência da República, para depois não culparem o seu antecessor, como todos os primeiros ministros de Portugal tem feito nos últimos tempos. Terá sido isso?

Sinais exteriores de pobreza

O Benfica é como a maioria dos portugueses, teima em viver acima das suas possibilidades.
Vender activos para pagar dívidas é uma boa gestão, melhor seria não ter contraído as dívidas, ou será que ainda são as dívidas de Vale e Azevedo?

Benfica à venda?

Depois das hipotecas de alguns jogadores, agora é a vez do "nome" do estádio ser vendido. Ainda resta alguma coisa a este Benfica?
Parece que o "acidente" ao elegerem Vale e Azevedo não foi mero acidente, deve ter sido escolhido o melhor entre os melhores, pelo menos é o que eu faço na minha associação. E agora? porque escolheram este?
Mesmo assim acredito que os homens passam e o clube fica! Pode é ficar mais pobre, mas ficará com certeza.

quarta-feira, 20 de julho de 2005

Obviamente demitiu-se

Independentemente das razões que levaram o ministro das finanças a pedir a sua demissão do governo, era mais que esperada a sua demissão. E as duas razões invocadas são igualmente justificadas. A razão pessoal é que ele não perdeu a sua capacidade de análise, e como homem livre pode e deve exprimir a sua opinião. Quanto ao cansaço, é normal que se sinta desgastado, pois sempre que ele dizia algo sobre economia, era contrariado por decisões do primeiro-ministro, e isso cansa.

terça-feira, 19 de julho de 2005

Jornalismo rafeiro

A TVI, bem ao seu estilo, no decorrer da edição de ontem do seu noticiário, chamava a atenção para uma notícia que dava conta da partida de militares portugueses, para uma missão no Iraque. A estação televisiva explorava o “drama” humano da separação de famílias, deixando de fora o essencial da questão. A mim, cidadão contribuinte, pouco me importa o “drama” da separação, o que me preocupa é a quantia que o Estado terá que pagar, como indemnização ás famílias, caso algo corra mal na missão, e o “contingente” seja reduzido. Isso sim, é que me preocupa.

sexta-feira, 15 de julho de 2005

Benfica de Azul 2



A moda pegou!
Pelo visto não foi por acaso que o Benfica jogou equipado de azul, como mostra a foto captada em Seia, em fins de Junho último.

Pontos de Vista

quinta-feira, 14 de julho de 2005

Benfica de azul

Gostei de ver o Benfica jogar equipado de azul. Foi bonito! Pode ser o fim dos preconceitos no futebol.

Poemas sem nome 3

Sinto-me quebrar.
(É como se raízes crescessem
Dentro de mim
E eu, pequeno demais,
Cedesse até partir
E deixasse fugir
Tudo o que tenho na minha mão
Mal fechada.)


Armando Vicente

terça-feira, 12 de julho de 2005

25% de aumento na portagem


Utilizei hoje um troço de auto-estrada com portagem, que geralmente não uso, como aliás faz a maioria das pessoas que seguem o mesmo trajecto que eu segui. E não o usamos por uma razão muito simples: é um troço de dois quilómetros, desde o começo atá à primeira saída, e que quem não conhece entra nele sem o desejar, por via da má informação no local. Entra-se na auto-estrada, aparece a portagem, retira-se o título, e sai-se imediatamente a seguir. Tem uma máquina automática para se retirar o “ticket”, e poucos metros adiante tem um portageiro a cobrar € 0.20. Deve dar prejuízo aquela portagem, tendo em conta o número de veículos que a utilizam.
Mas não foi esse o motivo deste “post”. O motivo é mais grave. Custava € 0.20 antes do aumento do IVA, mas agora custa € 0.25 (!!!). Sério! É verdade, como comprova o recibo da portagem aqui reproduzido. Ou seja: um aumento de 25%. É obra!
É bem feito, que é para não acreditar no PS.

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Londres 7/07 (As perguntas estúpidas dos jornalistas)

É frequente, em situações de catástrofe, ouvir-mos os jornalistas fazerem perguntas, perfeitamente descabidas, aos atingidos pela tragédia. Também aconteceu em Londres, não pelos jornalistas ingleses, mas por António Esteves Martins. A senhora entrevistada parecia bem disposta, pois estava em férias, mas o jornalista lá fez a pergunta, e a senhora respondeu:
- Sim, estou muito emocionada.
Disse isso, mas não conseguiu disfarçar a sua alegria (por estar em férias), e na despedida, sorriu rasgadamente para a câmara.
Este tipo de perguntas será jornalismo? É como perguntar a um homem, que acabou de perder a sua casa num incêndio, como ele se sente. São estúpidas estas perguntas, não são?

Patentes de Software

Uma nota de imprensa do PCP dá-nos conta de uma sua proposta ser aprovada no PE por larga maioria. Trata-se de proibir as patentes de software no espaço comum europeu, se bem entendi. Ainda bem que há quem defenda o softwrae livre. Eu já comecei a usa-lo trocando o IE pelo Mozilla Firefox

Aparências



Nem tudo o que parece é|
Qualquer semelhança entre este rabisco e um desenho de gente conhecida, é pura semelhança.
As aparências iludem.

Poemas sem nome 2

De tanta sede,
Bebi as lágrimas que tinha guardadas.

Agora, tenho cactos no olhar
A beberem a ilusão
De um oásis mal sonhado!...


Armando Vicente

quinta-feira, 7 de julho de 2005

A herança de Armando Vicente

Comecei a publicar aqui, ainda que sem a devida autorização do autor, alguns dos belos poemas do meu amigo Armando Vicente. Estou certo que não desagradará a todos.

Poemas sem nome 1

Se escrevo qualquer coisa,
Logo vens apagar o que escrevi.

(Não queres, por certo,
Que saibam que é de ti que falo
Ó fada do incrível,
Do indubitável
Engano
De ser mais um cigano
A morar
Ao luar
E ao relento,
De ser um poeta tão desatento
Que caminha pelo céu
Com pés de terra...).


Armando Vicente

O atentado em Londres

e a interrupção do programa infantil

Absorto no meu trabalho, sou interrompido pela “Di”:
- Pai, que aconteceu em Londres?
- Londres foi a cidade escolhida para realizar os Jogos Olímpicos de 2012.
- Não é isso! Aconteceu algo de grave lá, porque em todos os canais dá a mesma coisa.
A correr fui até ao televisor; era um atentado terrorista.
A “Di” é a minha filha mais nova, e vai crescer entre desenhos animados interrompidos com notícias sobre atentados terroristas, e o que eu lhe queria ensinar.
Vou perder esta batalha!

Herança



"Tantas palavras a aprodecer
E nenhuma consegue dizer
A tristeza que trago a boiar
Neste desalento imenso
Que não sabe desaguar..."






"Um país para viajar,
Versos de fraga
Para resgatar
E sementes de Esperança
Para cultivar:
Foi esta a minha herança!"



É desta forma que começa e acaba o primeiro livro de Armando Vicente. brevemente divulgarei mais alguns dos poemas que medeiam.

quarta-feira, 6 de julho de 2005

Festas populares não pagam impostos

Nesta altura do ano, um pouco por toda a parte, sobretudo no norte do país, realizam-se festas populares em honra do respectivo padroeiro, ou de um outro santo cuja devoção seja significativa. Em cada fim de semana, numa ou noutra aldeia, há um arraial. Por vezes a poucos quilómetros de distância realizam-se várias ao mesmo tempo.
Numa pequena aldeia, com cerca de dois mil habitantes, a festa deste ano tem um orçamento de sessenta mil euros, gastos em fogo de artifício, espectáculo de variedades, bandas de música, iluminações e decorações, entre outros. Tudo pago em dinheiro, nada de cheques, e nada de recibos. Quantos milhões de euros são transaccionados em cada ano neste mercado paralelo? Quantos milhares de euros “fogem” dos cofres do Estado?
Será que ninguém sabe disto? Eu sei.

G8 e a violência

As cenas de violência entre activistas anti-globalização e as forças de segurança não me convencem. É evidente que são reais, mas não naturais, ou seja: não acontecem por acaso.
É por desprezo pela segurança que se mediatiza uma conferência mundial, ou é por conveniência? Estas manifestações de activista a favor do fim da fome no mundo não serão encomendadas?
Eu sou a favor da globalização! Defendo a globalização da riqueza, dos direitos humanos, dos cuidados de saúde, do bem estar, enfim, sou a favor de uma mais justa distribuição da riqueza do planeta. E podem dizer que a miséria em África se deve em grande parte à corrupção e a outros males, podem acusar este ou aquele regime, mas a verdade é que nenhum regime ou sistema sobrevive sem o apoio de quem detém o poder no mundo. Só há guerras porque se fabricam armas e as empresas que as produzem querem lucros. Por isso, da próxima vez que se reunirem em cimeira, façam-no discretamente, porque assim poupam-nos a cenas de violência gratuita, já que dessas cimeiras pouco sai de positivo para a humanidade.

Má educação ou desprezo?

Mandam as regras da boa educação que, quando alguém nos dirige a palavra, estejamos com atenção. Não é isso que acontece frequentemente no parlamento. Já assisti por várias vezes, nos últimos meses, via ARtv, a debates no parlamento e sempre notei essa falta de respeito, por parte de membros do governo, para com quem lhes dirige a palavra. Enquanto deputados, eleitos pelo povo, questionam o governo, os questionados entretêm-se em amena cavaqueira, por vezes na galhofa, mostrando total desprezo por quem nos representa.
Como isso fica mal ao governo, sugiro que, se não conseguem conter-se, substituam os funcionários que fazem chegar até nós aquelas imagens degradantes para a democracia.

terça-feira, 5 de julho de 2005

Rates, arredores de Portugal

Nasci em 1956. Dez anos depois tinha concluído a escola primária. Em 1969 fiz uma tentativa para recomeçar, aproveitando o facto de estar a trabalhar e as finanças da família estarem ligeiramente aliviadas, fui estudar à noite. Era um curso técnico e, embora não sendo a minha preferência, tentei. Tentei mas não consegui. Tinha treze anos, vividos numa pequena aldeia do concelho de Vila do Conde, e rapidamente sucumbi ás tentações da boémia. Chumbei no primeiro período por faltas, mas não perdi tudo; foi nessa altura que iniciei a minha actividade política. Desde essa altura, só voltei a ver uma escola por dentro na época do recenseamento, em que participei activamente.
Actualmente com quase quarenta e nove anos, tento que as minhas filhas não sigam o mau exemplo que sou, apesar de hoje tudo ser diferente, para melhor. Preocupam-me as notas delas. Tento na medida do possível ajudar no que posso. Quero ter orgulho nelas um dia mais tarde e não me envergonhar de tudo o que elas vierem a ser no futuro.
Vem isto a propósito de os pais se preocuparem com o futuro dos filhos, atitude natural, mas que não é seguida por todos neste país. Sendo eu um “filho da Nação”, supostamente o “meu pai” será o Estado, logo devia se preocupar com o bem-estar de todos os seus filhos, em todas as suas vertentes, económica, social e cultural.
Hoje vai ser explicado ao país onde como e quando, vai ser aplicada a astronómica verba anunciada há dias pelo executivo do Eng. Sócrates. É certo que vão dizer que tudo estava no programa eleitoral do PS, portanto têm legitimidade para aplicar o dinheiro onde como e quando lhes aprouver. Mas aqui a questão é outra. Trata-se de respeitar os que votaram noutro sentido nas eleições que os elegeram, ou seja, uma boa parte dos eleitores não escolheram este governo, mas também têm opinião, o que equivale a dizer que, para investimentos desta envergadura, como os que vão ser anunciados, sendo estrategicamente importantes para o país, não lhes ficaria nada mal reunirem o maior consenso possível à volta deste assunto, porque eu ouvi falar em mil milhões de euros para investir na “banda larga” e, como ainda não chegou à minha zona, se fosse possível investir algum aqui, eu nunca mais me importaria de ouvir dizer que Portugal está no pelotão da frente, no que diz respeito à implementação das novas tecnologias, caso contrário, vou continuar a achar que vivo nos arredores de Portugal. É que a internet para mim também é uma ferramenta de trabalho, mas como é tão dispendiosa (gasto cerca de 40 euros semanais), limito-me a utiliza-la só à noite, fazendo um esforço para me manter acordado no dia seguinte logo a partir das sete da manhã.

Estilos

Porque é que o PCP não aceita que o PS é seu inimigo?
Lembro-me do PCP aconselhar os seus eleitores a votarem em Mário Soares, numas eleições presidenciais há uns anos atrás. Era melhor Mário Soares que o candidato da direita. E Mário Soares foi eleito Presidente da República. Paro o PCP é melhor um socialista que um social-democrata.
O sr. Sócrates, secretário geral do PS, na apresentação do candidato à Câmara de Lisboa, afirmou que só há dois candidatos à presidência da Câmara: Maria Carrilho e Carmona Rodrigues. Portanto, ou se escolhe entre o PS e o PSD ou se perdem os votos. Votar noutro candidato é desperdiçar o voto.
Este Sócrates, no seu autoritário e arrogante estilo de se comportar, se estivesse na Madeira era muito semelhante ao que lá está. São dois redutores da nossa democracia. Um não quer lá os indianos e os chineses, o outro não quer em Lisboa ninguém além de socialistas e sociais-democratas. Alias, no Partido Socialista sempre se pensou assim: à direita o PSD, à esquerda nós! E têm razão.
Tudo começou quando Mário Soares falou pela primeira vez na alternância democrática, e só vai acabar quando a lei, aprovada pelos dois partidos, limitar as nossas escolhas a eles próprios, tornando assim a nossa decisão “mais facilitada e mais clara”.
No entanto, se acaso fosse necessário optar, o PCP preferiria o sr. Sócrates em prejuízo de Jardim. São coisas de políticos, que eu não entendo, aliás, sugiro ao PCP que não apresente nenhum candidato em Lisboa, apele desde já ao voto em Carrilho.
E porque não se fundem eles (PS e PSD)num só, eliminando todos os outros partidos, dispensando-nos dos actos eleitorais e assim o país poupa uns milhões? Para que raio serve a alternância democrática se apenas mudam os protagonistas que desempenham o mesmo papel?
E aquela propaganda na TV a propósito de Sintra? Quem se atreve a qualificar aquilo?
Para mim não há qualquer diferença entre os dois partidos da área do poder, por isso, venha o diabo e escolha.
Durante muitos anos, na freguesia onde resido, o PS era o terceiro partido e sem hipóteses de ganhar. No entanto as coisas mudaram. Hoje o PS é o partido vencedor. Se essa regra tivesse sido aplicada já o PS teria sido banido da minha terra. E de muitas outras. Ou será que essa regra só se aplicaria onde conviesse?

segunda-feira, 27 de junho de 2005

Viação ou aviação?

Quando, depois do almoço, me sentei para ver o noticiário na televisão e me chamaram a tenção para a notícia de abertura, nem queria acreditar: “automóvel atropelado por uma avioneta”
Das duas uma: ou o automóvel voava, ou a avioneta passeava numa estrada. Enquanto passava a publicidade que nos “dão” nos últimos segundos antes da hora certa, pensava em qual das duas devia apostar, porque qualquer destas possibilidades era fantástica.
Ou então uma avaria teria forçado o piloto a aterrar de emergência numa estrada. Só pode ter sido esta última hipótese.
Quando me inteirei do sucedido, o meu espanto mantinha-se: só num país “terceiro-mundista” isto podia acontecer. Mas não, aconteceu em Portugal, num país membro de pleno direito da UE. Enfim… acidentes acontecem, só não sei se foi acidente de viação ou aviação, isso não foi explicado na notícia.

sexta-feira, 24 de junho de 2005

Alumínio e separatismo

Porque é que os ministros quando querem sair do governo não se demitem?
Lembram-se da reciclagem do alumínio? Pois bem, agora são os Açores que não fazem parte da República Portuguesa.
Tal como no ambiente de outrora, espera-se que na educação de hoje suceda o mesmo.

Adeus sra. ministra

A cada dia que passa, apesar de me sentir a envelhecer, alegro-me com a ideia de que falta menos um dia para o fim deste governo. Porém, apesar disso, por vezes dou comigo a pensar se o próximo vai ser melhor que este. Desde o 25 de Abril que o PS sucede ao PSD e vice-versa, sem que isso resolvesse os nossos problemas mais prementes e, mesmo assim, continuamos a dar-lhes mais uma hipótese de mostrar o que valem. E o que é que eles valem? Pouco! Pouco ou nada mesmo. E o mal é que eles sabem isso e, para nos distraírem, de vez em quando, um ministro sai para dar lugar a outro igual, só mudando a sua figura.
Dentro de pouco tempo, estou convicto, vai ser substituída a ministra da educação. Não por incompetência – por isso talvez nunca fosse ministra - mas por livre vontade. As suas recentes declarações, a propósito da decisão diversa entre tribunais, não são mais do que o abrir da porta de saída. Declarações daquelas não se fazem por acaso.
E agora venha o governo dizer que a greve dos professores foi um fracasso. Provavelmente os professores esperavam mais da greve, mas o governo, mesmo sem o reconhecer explicitamente, sabe que a greve teve os seus efeitos. E a prova-lo está a decisão de dar feriado aos alunos, obrigando os professores a assistirem aos exames. Adeus sr.ª ministra.

terça-feira, 21 de junho de 2005

O mundo ao contrário


O que merecemos

Sempre que algum grupo sócio-profissional decide fazer greve, toda a comunicação social se apressa em noticiar o sucesso ou insucesso da acção, em divulgar os incómodos causados aos inocentes. Mas pouco se divulga o objectivo da greve. No caso dos professores, sei que a greve coincidiu com os exames, que prejudicou alguns alunos, mas não sei porque fazem greve. Porque não concordam com os exames? Será?
Eu defendo o direito à greve, mas por vezes fico baralhado: ainda há pouco tempo votamos neste governo, porque raio já o molestamos?
Um dia entrei numa farmácia e pedi uma embalagem de pomada para os sapatos. O espanto foi geral. Foi-me dito pelo farmacêutico que só tinham pomada para os pés, pomada para os sapatos devia procurá-la numa sapataria, ou numa drogaria, ou em lojas da especialidade. E eu lá fui procurar a dita pomada noutro sítio, é que nas farmácias só se vende medicamentos e afins. O mesmo se passa com os empregados por conta de outrem: não adianta fazer greve. Numa sociedade como aquela em que vivemos, o que devemos fazer é pensar bem antes de votarmos, depois… é só esperar pelo resultado da nossa escolha. Cada um tem o que merece.

O homem que fala sozinho

António Vitorino fala que se farta. O espaço de propaganda que a RTP (a tal de todos os portugueses) concede ao governo e ao partido que o sustenta, está a tornar-se fastidioso. Para mim e, ao que parece, também para o homem que fala pelos cotovelos. Ele fala, fala, fala, e ninguém o contrapõe. Ao menos se eles se ”pegassem”, com um a atacar ao Domingo e outro a contra-atacar à segunda-feira, a coisa ainda podia ser interessante, mas não, tacitamente eles ignoram-se. E eu vou seguir-lhes o exemplo.

segunda-feira, 20 de junho de 2005

O umbigo de Carrilho

Entrei no café logo pela manhã para ouvir os comentários ao que se passou em Ponte de Lima, mas nada. O assunto do dia era o que Pedro Marques Lopes escrevera no Acidental, sobre o marido da Bárbara Guimarães e que vinha transcrito n'A Capital.
Eis um excerto do que ouvi:
-Quem é a Barbara Guimarães?
-É a mulher do Carrilho!
-Carrilho? O comunista espanhol que já morreu?
-Não! O ex-ministro da cultura.
-Ex-ministro da cultura? Casado com a Barbara Guimarães? Só pode ser político português.
Pode parecer coscuvilhice, mas de facto algo não bate certo: um filósofo casado com Barbara Guimarães ... “vê-se pela aragem quem vai na carruagem”, diz o povo e com razão. A confirma-lo está a filosofia de si sobre si, a par da exibição pública da sua vida privada. Mas é do umbigo que ele gosta. Nada há a fazer. Os lisboetas que se cuidem.

Tiago Monteiro em terceiro

Tiago Monteiro terminou em terceiro lugar o grande prémio dos EUA em formula 1. Alguns dirão que ficou a meio da tabela. Eu digo que ficou em terceiro. Mas mesmo que seja o meio da tabela, é um grande progresso. É um grande progresso e provocou algum nervosismo por aí: ontem à noite, o site oficial da F1 apresentava o Rubens Barrichello como vencedor, hoje n'A Capital o Naraian Karthikeyan ficou em quarto ao volante de um McLaren Mercedes.
Agora, falando sério, espero que nenhum português ilustre se lembre de homenagear o Tiago, é que se o fizer, a distinção pode soar a menosprezo pela brilhante carreira do piloto português. A ver vamos.

domingo, 19 de junho de 2005

Manifestação ou arrastão?

Ontem houve uma concentração de pessoas, algumas delas com o cabelo bem cortadinho, na baixa lisboeta. A polícia interveio à bastonada para impedir o linchamento de um presumível assaltante de uma loja. Uma semana atrás aconteceu o mesmo noutro local, mas sem que houvesse notícia de que alguém quisesse linchar quem quer que fosse e a polícia apressou-se a justificar a sua atitude. Espero agora, calmamente a explicação da PSP para o que aconteceu ontem.

A mangar

Aproveitando o feriado de 10 de Junho e o facto de em algumas cidades também se dispensar o trabalho no dia 13, por via do dia de Stº. António, fui passar uns dias ao Algarve.
A zona mais desejada por muitos portugueses para passar férias, sendo a que possui, provavelmente as melhores águas – e não as melhores praias – é por excelência a que maior número de visitantes regista ao longo de todo o ano. Eu não sou muito amante da praia, pelo menos na qualidade de banhista, prefiro aproveitar o meu tempo em outras actividades, em vez de o gastar estendido no areal como leitão no churrasco. Mas entendo os portugueses que gostam de passa férias no Algarve. Eu também andei a mangar que era rico, mas foram só quatro dias.

quinta-feira, 16 de junho de 2005

Os euros e Portugal

Portugal vai receber entre 18,5 e 25 mil milhões de euros, do orçamento da UE. Isto é o que se sabe, mas o que eu também queria saber, é quanto nos vai custar esse dinheiro. Não é por mal, mas eu também vou contribuír na "paga" desse custo, embora na partilha eu pouco participe.

Entendem ou não?

Os franceses votaram não, poucos dias depois foi a vez dos holandeses negarem as pretensões eurocratas. Nos dias seguintes assistimos às mais diversas, e por vezes disparatadas, análises à vontade popular. Agora vão decidir "parar o processo" referendário.
Bom, o que aqueles que já votaram não e os que lhes seguirão o exemplo querem mesmo, não é que parem o processo de ractificação do tratado, mas antes que o alterem, ou melhor ainda, que o rasguem. Entendem?
E parem de me chamar anti-europeu só porque não concordo com esta constituição!

terça-feira, 14 de junho de 2005

Álvaro Cunhal

Não resisti! Não resisti e, abusivamente, pois não pedi a prévia autorização, "republico" com as devidas ligações.

O discurso de Álvaro Cunhal na Assembleia da República em 4 de Junho de 1976 e um poema de Pablo Neruda, dedicado a Álvaro Cunhal:
http://ciberjuristas.blogspot.com/

Jorge Amado sobre Álvaro Cunhal:
http://www.barnabe.weblog.com.pt/

4 de Junho de 1976

Memórias (4 de Junho de 1976 - Assembleia da República)

O Sr. Álvaro Cunhal (PCP): - Sr. Presidente da Assembleia da República -, Sr. Deputados, Camaradas:
O começo dos trabalhos da Assembleia doa República tem um alto significado na, vida do nosso povo e do nosso país.
O regime democrático português, saído da Revolução, conquistado e modelado pela luta do nosso povo, definido na Constituição que entra em vigor, começa a sua marcha, que nós, comunistas, desejamos seja firme, serena e estável.
A situação democrática em que vivemos ao longo de dois anos exaltantes de luta do povo, português torna-se regime.
A prática dais liberdades torna-se direito e norma de vida.
As profundas transformações económicas e sociais alcançadas pela Revolução (as nacionalizações, a Reforma Agrária, o controle operário, a intervenção dos trabalhadores na gestão das empresas) tornam-se parte integrante do, regime e do projecto nacional doe progresso e desenvolvimento, que escolheu como norte a sociedade socialista.
Em nome do Partido Comunista Português, declamo que é nossa firme propósito agir de forma a contribuir para a defesa, a consolidação, a estabilidade e o prosseguimento do regime democrático, segunda os princípios definidos na Constituição.
O início dos trabalhos dia Assembleia da República tem o relevo particular que lhe dá o facto de que, com o início da primeira sessão legislativa da Assembleia, começam a entrar em funções os órgãos doe poder do novo regime.
Será um poder com uma estrutura original, uma vez que nela se encontra, através do Conselho da Revolução, e da Assembleia da República, a presença de duas grandes componentes do processo revolucionário (a militar e a popular), que conduziram à criação da nossa democracia e, agora se, expressam ao nível dos órgãos do poder institucionalizados.
Apesar de não estar ainda assegurado o exercício dos direitos e liberdades dos cidadãos em vastas zonas do território e apesar de numerosos factores antidemocráticos existentes na vida política portuguesa, ai Assembleia, resultante do sufrágio universal, reflecte a intervenção política do povo português através das últimas eleições.
Confiamos - em que os trabalhos da Assembleia se desenvolverão tendo em conta a vontade expressa, pelo eleitorado que a - elegeu: assegurar a continuação do processo, democrático.
Em nome do Partido Comunista Português, declaro que é nosso firme propósito agir de forma a contribuir para que o voto do povo se concretize, tanto na acção legislativa da Assembleia como na formação e na política do novo Governo.
A Assembleia da República ,irá defrontar unia complexa situação que exige se tomem sérias decisões para resolver os problemas políticos, económico e sociais, estreitamente interdependentes.
A vida democrática normal, as liberdades, uma política económica na, perspectiva do socialismo, o melhoramento das condições de vida das massas populares, uma, política externa de independência nacional e cooperação internacional, são completamente inseparáveis.
Tentativas de recuperação capitalista, agrária. e imperialista, a serem empreendidas pelo poder, caminhariam a par da restrição e liquidação das liberdades e do agravamento das condições de vida de todo o povo trabalhador.
Adquirirá, por isso, extraordinário relevo nos trabalhos da Assembleia a definição das grandes linhas em matéria económica e social.
Impõe-se, naturalmente, como condição da própria democracia, garantir o exercício das liberdades e direitos dos cidadãos em todo o território, e isso exige que se ponha fim ao terrorismo, às conspirações, às organizações clandestinas reaccionárias, respeitando e fazendo respeitar a ordem democrática.
Mas, a própria existência das liberdades e direitos dos cidadãos, a própria viabilidade da democracia, despende - da solução correcta dos problemas económicos que Portugal defronta.
Em nome do Partido Comunista Português, declaro que é nosso firme propósito agir de forma a contribuir para tornar possível aquilo que foi durante longos anos um projecto comum das forças progressistas e é hoje uma orientação constitucional: que a construção da democracia política seja acompanhada da construção dia democracia económica, social e cultural.
A estabilização da economia portuguesa e uma política dê desenvolvimento deverá ter em conta as radicais transformações nas estruturas económicas que se produziram desde 1974, que tornam não só indesejável, como irrealista e inviável, no quadro de uma vida política, democrática, uma dinâmica económica assente nos processos e estímulos próprios do capitalismo monopolista de Estado.
O agravamento da l exploração dos trabalhadores a fim de aumentar os lucros, a, acumulação do capital e os investimentos, como via para sair das dificuldades actuais, seria uma via anti-operária, antipopular, uma via de recuperação capitalista incompatível com o exercício das liberdades e direitos e com a vida democrática.
Para a solução das dificuldades económicas no quadro do novo regime democrático, a única via é aquela que, embora reconhecendo importante papel à iniciativa privada em amplos sectores económicos, embora dando-lhe garantias suficientes, considera pontos de partida essenciais a existência de um sector nacionalizada que abrange os sectores básicos da indústria., transportes e serviços, uma reforma agrária que constitui o ponto de arranque parra, o aluimento. da produção agrícola e pecuária e a intervenção dos trabalhadores (pelo controle e a gestão) na vida dai empresa e dais explorações agrícolas colectivas. É essa a única via de uma política económica capaz de, no nosso regime democrático, assegurar a estabilização e o desenvolvimento.
Esta perspectiva toca características específicas da situação económica e social criada pela revolução portuguesa, que indicam, como estímulo e elemento motor essenciais, não a exploração e o lucro, mas a consciência política e cívica, o trabalho criador e o melhoramento das condições de vida do povo que trabalha.
Uma política de recuperação capitalista e agrária conduziria de novo ao fascismo. A única política, capaz de resolver os, problemas económicos no quadro da, liberdade, da democracia e da independência nacional é aquela que defenda e assegure as conquistas revolucionárias e prossiga no caminho do socialismo.
Portugal viveu quase meio século um regime de repressão e terror ao serviço do grande capital e dos grandes agrários, que exploravam e oprimiam o povo português e prosseguiam ao mesmo tempo uma política de rapina e de guerra em África e de dependência e submissão da pátria portuguesa.
O levantamento militar de 25 de Abril de 1974 e a intervenção imediata do movimento. operário e popular, todas as transformações políticas, económicas e sociais realizadas desde então, constituem uma extraordinária, afirmação da vontade e independência do povo português de decidir sem ingerências externas a sua própria vida, e o seu próprio destino.
A defesa, consolidação e prosseguimento do. regime democrático, ia solução dos problemas da política interna e do desenvolvimento económico, exigem se siga uma política de independência nacional, libertando de uma vez para sempre o nosso país da submissão política, económica e diplomática a países estrangeiros - ao imperialismo.
Em nome do Partido Comunista Português declaro que é nosso firme propósito, agir de forma a contribuir para que se possa concretizar uma política externa de paz e amizade com todos os povos e com todos os países, capitalistas e socialistas, com particular relevo para aqueles outrora submetidos ao colonialismo português, cornos quais é necessário e possível, vencendo dificuldades actuais, estabelecer uma, estreita cooperação.
Ao começar os trabalhos da Assembleia, os Deputados comunistas, confirmando o seu compromisso assumido perante o povo, declaram desde já que cumprirão o mandato do povo que os elegeu.
Os Deputados comunistas defenderão, sempre e em todas as circunstâncias a aplicação rigorosa da Constituição.
Os Deputados comunistas defenderão sempre e em todas as circunstâncias os interesses da classe operária, dos trabalhadores, dos pequenos e médios agricultoras, dos pequenos e médios comerciantes e industriais, dos intelectuais, da juventude, das mulheres, de toda a grande, maioria da população portuguesa, vitalmente interessada) a que, não mais Portugal regresse ao poder económico e político dos monopólios e agrários, vitalmente interessados na, construção de uma democracia que, nos termos dia Constituição, está empenhada em transformar-se numa sociedade sem explorados nem exploradores, numa sociedade sem classes.
Queremos aqui - solenemente declarar que, na Assembleia da República, como em todos os sectores da vida nacional, o Partido Comunista, Português está pronto a unir a sua vontade e os seus esforços à vontade e esforços de todos aqueles que querem assegurar ao povo português a liberdade, a democracia, o bem-estar material e cultural, a paz e a independência.
Aplausos dos Deputados do PCP, do 'PS e de alguns do PPD.

La Lámpara Marina

La Lámpara Marina

Poema que Pablo Neruda dedicou a Álvaro Cunhal, então preso, em 1953

I
El Puerto Color de cielo


Cuando tú desembarcas
en Lisboa,
cielo celeste y rosa rosa,
estuco blanco y oro,
pétalos de ladrillo,
las casas,
las puertas,
los techos,
las ventanas,
salpicadas del oro limonero,
del azul ultramar de los navíos.

Cuando tú desembarcas
no conoces,
no sabes que detrás de las ventanas
escuchan,
rondan
carceleros de luto,
retóricos, correctos,
arreando presos a las islas,
condenando al silencio,
pululando
como escuadras de sombras
bajo ventanas verdes,
entre montes azules,
la policía
bajo las otoñales cornucopias
buscando portugueses,
rascando el suelo,
destinando los hombres a la sombra.

II
La Cítara Olvidada

Oh Portugal hermoso
cesta de fruta y flores,
emerges
en la orilla plateada del océano,
en la espuma de Europa,
con la cítara de oro
que te dejó Camoens,
cantando con dulzura,
esparciendo en las bocas del Atlántico
tu tempestuoso olor de vinerías,
de azahares marinos,
tu luminosa luna entrecortada
por nubes y tormentas.

III
Los presidios

Pero,
portugués de la calle,
entre nosotros,
nadie nos escucha,
sabes
dónde
está Álvaro Cunhal?
Reconoces la ausencia
del valiente
Militão?
Muchacha portuguesa,
pasas como bailando
por las calles
rosadas de Lisboa,
pero,
sabes dónde cayó Bento Gonçalves,
el portugués más puro,
el honor de tu mar e de tu arena?
Sabes
que existe
una isla,
la isla de la Sal,
y Tarrafal en ella
vierte sombra?
Sí, lo sabes, muchacha,
muchacho, sí, lo sabes.
En silencio
la palabra
anda con lentitud pero recorre
no sólo el Portugal, sino la tierra.
Sí, sabemos,
en remotos países,
que hace treinta años
una lápida
espesa como tumba o como túnica
de clerical murciélago,
ahoga, Portugal, tu triste trino,
salpica tu dulzura
con gotas de martirio
y mantiene sus cúpulas de sombra.

IV
El Mar Y Los Jazmines

De tu mano pequeña en otra hora
salieron criaturas
desgranadas
en el asombro de la geografia.
Así volvió Camoens
a dejarte una rama de jazmines
que siguió floreciendo.
La inteligencia ardió como una viña
de transparentes uvas
en tu raza.

Guerra Junqueiro entre las olas
dejó caer su trueno
de libertad bravía
que transportó el océano en su canto,
y otros multiplicaron
tu esplendor de rosales y racimos
como si de tu territorio estrecho
salieran grandes manos
derramando semillas
para toda la tierra.

Sin embargo,
el tiempo te ha enterrado.
El polvo clerical
acumulado en Coimbra
cayó en tu rostro
de naranja oceánica
y cubrió el esplendor de tu cintura.

V
La Lámpara Marina

Portugal,
vuelve al mar, a tus navíos,
Portugal, vuelve al hombre, al marinero,
vuelve a la tierra tuya, a tu fragancia,
a tu razón libre en el viento,
de nuevo
a la luz matutina
del clavel y la espuma.
Muéstranos tu tesoro,
tus hombres, tus mujeres.
No escondas más tu rostro
de embarcación valiente
puesta en las avanzadas de Océano.
Portugal, navegante,
descubridor de islas,
inventor de pimientas,
descubre el nuevo hombre,
las islas asombradas,
descubre el archipélago en el tiempo.

La súbita
aparición
del pan
sobre la mesa,
la aurora,
tú, descúbrela,
descubridor de auroras.
Cómo es esto?
Cómo puedes negarte
al ciclo de la luz tú que mostraste
caminos a los ciegos?

Tú, dulce y férreo y viejo,
angosto y ancho padre
del horizonte, cómo
puedes cerrar la puerta
a los nuevos racimos
y al viento con estrellas del Oriente?

Proa de Europa, busca
en la corriente
las olas ancestrales,
la marítima barba
de Camoens.
Rompe
las telaranãs
que cubren tu fragrante arboladura,
y entonces
a nosotros los hijos de tus hijos
aquellos para quienes
descubriste la arena
hasta entonces oscura
de la geografía deslumbrante,
muéstranos que tú puedes
atravesar de nuevo
el nuevo mar oscuro
y descubrir al hombre que ha nacido
en las islas más grandes de la tierra.

Navega, Portugal, la hora
llégó, levanta
tu estatura de proa
y entre las islas y los hombres vuelve
a ser camino.

En esta edad agrega
tu luz, vuelve a ser lámpara:
aprenderás de nuevo a ser estrella.

Poema extraído de Obras Completas, 3ª ed. aumentada, Buenos Aires, Editorial Losada, Col. Cumbre, 1967

À boleia do Barnabé

Essa Vida Preciosa, Salvemo-la
por Jorge Amado
«Tão magro, de magreza impressionante, chupado a face fina e severa, as mãos nervosas, dessas mãos que falam, mal penteado o cabelo, um homem jovem mas fisicamente sofrido, homem de noites mal dormidas, de pouso incerto, de responsabilidades imensas e de trabalho infatigável, eu o vejo, sentado ao outro lado da mesa, diante de mim, falando com a sua voz um pouco rouca, os olhos ardentes no fundo de um longo e sempre vencido cansaço, e o vejo agora como há cinco anos passados, sua impressionante e inesquecível imagem: Álvaro Cunhal, conhecido por Duarte, o revolucionário português. Falava sobre Portugal, sobre que poderia falar?
Sua paixão e sua tarefa: libertar o povo português da humilhação salazarista, libertar Portugal dessa já tão larga noite de desgraça, de silêncios medrosos, de vozes comprimidas, de alastrada e permanente fome do povo, de corvos clericais comendo o estômago do país, de tristes inquisidores saídos dos cantos mal iluminados das sacristias e da História para oprimir o povo e vendê-lo à velha cliente inglesa ou ao novo senhor norte-americano. Sua paixão e sua tarefa: fazer de Portugal outra vez um país independente e do povo português um povo novamente livre e farto e dono da sua natural alegria.
Ah! Aqueles cansados olhos fundos sorriam e a voz estrangulada de cólera se abria em doçura de palavras de amor para falar de Portugal e do povo português. Eu compreendia que aquele homem de magreza impressionante, de físico combalido pela dura ilegalidade perseguida, era o seu próprio país, seu próprio povo e que, com seu cansaço, sua fadiga de anos, sua rouca voz de velho sono, suas mãos ossudas, eles estava construindo a vida, o dia de amanhã, o mundo novo a nascer das ruínas fatais do salazarismo.
Como era terno seu sorriso ao falar das festas populares nas aldeias do Minho ou dos homens rudes de Trás-os-Montes! Conhecia tudo do seu país e do seu povo, tudo o que era autêntico de Portugal, desde o mar-oceano com a sua história portuguesa e gloriosa até as vinhas ao sol e as cantigas e os poemas dos poetas reduzidos na sua grandeza pela censura fascista; desde as histórias heróicas dos militantes presos, torturados até à loucura e à morte, as tenebrosas histórias do Tarrafal, o campo de concentração mais antigo e mais cruel da Europa, até às doces histórias de amor da província portuguesa, com um sabor romântico das velhas legendas.
Contou-me coisas de espantar com sua voz ora doce, grávida de ternura, ora violenta de cólera desatada quando falava da fome dos trabalhadores, da opressão salazarista sobre o povo, da opressão imperialista sobre a sua pátria de primavera e mar.
(...)
os comunistas portugueses, heróis anónimos do povo, os invencíveis, os que estão rasgando a noite fascista com a lâmina de sua audácia e de sua certeza para que novamente o sol da liberdade ilumine o país dos pescadores e das uvas. De um me disse: «Esse esteve no Brasil e aprendeu com vocês»
(...)
Falou do campo, dos homens que habitam as montanhas, daqueles que Ferreira de Castro, o grande romancista, descreveu em «Terra Fria» e «A Lã e a Neve». (...) Falou dos operários das cidades daqueles que Alves Redol descreveu em seus magníficos romances e contou da sua irredutível resistência ao regime salazarista. (...)
Naquela tarde como que me apossei por inteiro de Portugal, do melhor Portugal, do Portugal eterno, como se Álvaro Cunhal o trouxesse nas suas mãos ossudas, tão descarnadas e nervosas, como se trouxesse – e o trazia em verdade – no seu coração de revolucionário e patriota.
Voltei a vê-lo ainda uma vez, dias depois, e a longa conversa sobre Portugal continuou. Falou-me dos escritores, dos plásticos, dos pescadores, fadistas, e sobretudo da luta subterrânea, dura e difícil e jamais vencida. (...)
Veio o processo, dentro dos métodos infames dos tribunais fascistas. Ali se ergueu Álvaro Cunhal (Militão morrera de torturas) e não era o réu, era o acusador, a voz de fogo a queimar o vergonhoso rosto dos carrascos do seu povo, dos vendilhões da sua pátria.
(...)
Pretendem matá-lo e nós sabemos que são frios assassinos os que querem matá-lo. É uma vida preciosa, preciosa para Portugal e para o mundo, ajudemos o povo português a salvá-la!
(...)
Há alguns meses eu estava em frente ao mar Pacífico, na costa sul do Chile, em Isla Negra, em casa de Pablo Neruda, meu companheiro de lutas de esperança. Uma figura de proa de barco se elevava em frente ao mar de ondas altas e violentas. Por isso falámos de Portugal e do seu destino marítimo. Contei ao poeta sobre Cunhal e Pablo levantou-se, deixou-me com o pescador que parara para escutar-nos e quando voltou havia escrito esse maravilhoso poema que é «A Lâmpada Marinha» sobre Portugal, seu povo, Álvaro Cunhal e o dia luminoso de amanhã»
(...)
Hoje o mais bravo dos filhos desse povo heróico, aquele que tudo sacrificou para ser fiel à esperança do povo está com sua vida ameaçada.»

segunda-feira, 13 de junho de 2005

Álvaro Cunhal faleceu

Um dia de luto nacional!
Pois... um dia chega muito bem. E não se pode comparar com outros óbitos, porque não os houve semelhantes a este, por isso eu concordo com um dia de luto nacional, mas gostava de ouvir a explicação do governo PS. Gostava mesmo.

quinta-feira, 9 de junho de 2005

A reforma do ex presidente

O dr. Mário Soares, ouvi-o na TSF, defende que o governo devia quebrar o compromisso, leia-se promessa eleitoral, das SCUT. Com a sua reforma, também eu defendia dr. Soares.

O sr. Barbosa

O sr. Barbosa é motorista de camião, de uma empresa que distribui “Água do Fastio”. Ontem de manhã o sr. Barbosa conduzia o camião na EN13, entre Vila do Conde e Póvoa de Varzim. Eu seguia na mesma direcção, à sua frente, numa pequena fila de trânsito. A fila parou e eu, verificando a existência de uma passadeira, parei deixando a passadeira livre. O sr. Barbosa bloqueou a travessia de peões. Vinha distraído o sr. Barbosa. Uns metros à frente voltamos a parar, só que desta vez havia um ligeiro parado na via e o sr. Barbosa parou em segunda fila, impedindo o trânsito que circulava em sentido contrário. O sr. Barbosa é um mau condutor.
Deixe lá sr. Barbosa, o sr. é apenas mais um entre muitos maus condutores portugueses.

terça-feira, 7 de junho de 2005

Ainda o referendo à constituição para a Europa

O governo inglês vai suspender o processo em Inglaterra, a acreditar nas palavras do seu ministro dos negócios estrangeiros, Jack Straw, que diz "não haver razões para tentar um referendo, pelo menos sem uma definição mais clara da UE".
Segundo a própria constituição europeia, todos os estados membros devem ratificar o tratado, para que possa entrar em vigor um texto constitucional longo e indecifrável para a maioria dos portugueses. Ora, como já dois países a "chumbaram", obviamente não entrará em vigor, pelo menos assim como foi elaborada. A ser assim, para quê referenda-la entre nós? Ou esperam pelo não português para "forçar" os eurocratas a alterarem o texto?
Mais uma razão para eu votar não.

A minha ignorância

A notícia de que o governo de Santana Lopes havia programado, para 1 de Julho, o início da época do combate aos incêndios florestais, deve ter deixado muita gente a rir. Deve ser a única coisa que programamos, e mesmo assim mal, ou então alguém se antecipou e o país começou a arder antes do programado.
Não sabia que se podia programar o início dos incêndios. Não sabia, mas fiquei a saber.

segunda-feira, 6 de junho de 2005

O tabaco e a crise

Por razões que eu não comento, aqui e agora, os maços de tabaco, como é do conhecimento geral, trazem uma mensagem (de morte) na embalagem. Para reduzir o consumo (?) o governo já anunciou o aumento do preço do tabaco nas tabacarias.
Nesta altura de crise, a minha sugestão era mais rentável e quiçá mais eficaz.
Aqui um exemplo de rentabilidade e eficácia.
Resta acrescentar que a "Casa Palhares" é uma agência funerária.

terça-feira, 31 de maio de 2005

Discuta-se

Jorge Miranda defende que Portugal deve repensar a data do referendo à Constituição Europeia, argumentando que, por coincidir com as autárquicas, não vai haver a discussão necessária sobre o assunto a votar. Eu concordo, mas não terá sido por isso que foi escolhida a mesma data, para impedir a discussão?

Gato escondido...

No "Prós e Contras" da RTP, alguém disse, desde Paris, que Portugal é o país da UE que mais gasta com a saúde e com a educação, por habitante. Talvez, mas...
Eu pago taxas moderadoras nos centros de saúde e nos hospitais, pago a minha parte nos medicamentos, pago (e não é pouco) pela educação das minhas filhas e, também pago os meus impostos. Acho que aqui há gato.

O medo transtorna?

Os apologistas do sim à constituição europeia entraram em pânico!
Desdobram-se em declarações, com algumas desastrosas considerações que, não os ridicularizando, começam a demonstrar alguma falta de crédito nas suas próprias convicções. Já era notada a sua pouca aptência para discutir a essência do tratado, mas agora, depois de a França votar não, já falam em extrema esquerda, comunistas e extrema direita juntos na mesma causa. Tão primária essa afirmação de Nuno Severiano Teixeira na RTP1, como tão primária vai ser a resposta dos portugueses no referendo: simplesmente NÃO!
Como o medo os transtornou.

segunda-feira, 30 de maio de 2005

Eu não

Eu, conscientemente, não contribuí para este número e não estou disposto a sacrifícios para acabar com ele!

E agora?

Depois do não francês, uma vez que é preciso ser aprovada por todos os estados membros para poder entrar em vigor, vale a pena o referendo português? Não será melhor esperar para vêr?

sexta-feira, 27 de maio de 2005

Debate inócuo?

O extenso texto do tratado que estabelece uma constituição para a Europa não vai ser lido por muitos portugueses. Provavelmente tinha que ser assim longo, mas poucos o lerão por inteiro.
Sendo assim, o resultado do referendo irá certamente ser condicionado pelas posições assumidas pelos partidos da área do poder. Aquilo que eles disserem, aquilo que eles defenderem, será o que a maioria dos portugueses irá aprovar, embora haja uma boa parte de eleitores que irá escolher por sua cabeça, mas também há aqueles que por não terem tempo, ou paciência, para lerem o texto na íntegra, irão escutar as opiniões de pessoas que habitualmente emitem as suas opiniões publicamente e que lhe inspirem confiança. Nesse sentido é muito útil o debate que se está a gerar em alguns blogues, pena é que as discussões sejam mais ao nível ideológico e não ao nível das questões concretas, tais como o que vai acontecer, de significativo, nos países que adoptarem o tratado como seu.
Portugal perde soberania, se aprovar a constituição? Perdemos a nossa identidade? Porquê? São questões como estas que eu, e creio que muitos dos portugueses gostariam de ver debatidas. Aqui fica a minha sugestão.

Bruno Di Maio

Bruno Di Maio

A Constituição Europeia

Texto integral do tratado que establece uma constituição para a europa, aprovado por consenso pela Convenção Europeia, em 13 de Julho de 2003.

quinta-feira, 19 de maio de 2005

Mudar para ficar na mesma

Afinal aquilo que os socialistas do PS disseram na campanha eleitoral não era para levar a sério. Tudo o que disseram, ou quase tudo, era só a brincar. Todos os defeitos do governo PSD (défice, fim das SCUT, despedimentos na função pública, aumento dos impostos, etc. etc.), afinal eram virtudes. José Sócrates acusava o anterior governo de, por estar obcecado com o défice, impedir o crescimento económico do país e consequentemente aumentar as condições de vida dos portugueses. E tinha razão, porque quando há uma diferença negativa entre o deve e o haver, só há duas maneiras (e não uma) de equilibrar as contas: reduzir os gastos ou aumentar as receitas.
Reduzir os gastos não implica despedimentos, bem como aumentar as receitas não significa agravar os impostos. As receitas do Estado provêem apenas dos impostos? As empresas onde o Estado tem capital investido não distribuem dividendos? E quanto custa manter o infindável número de institutos que possuímos, sem sabermos o que rendem? É natural que haja empresas públicas com funcionários a mais, mas se os despedirem não vai sair igualmente caro ao país? E que culpa tenho eu, bem como a maioria dos portugueses, que se admitissem funcionários em excesso?
Afinal o PS e o PSD são muito iguais. E o Presidente da República também tem culpa, ou só convocou eleições porque gosta mais da cara de Sócrates? É que a maior diferença entre o anterior governo e o actual são mesmo as caras das pessoas que o compoêm, as políticas são as mesmas, e o que eu queria, quando votei nas eleições de Fevereiro, era mudar de políticas e não as caras.
Já agora, uma provocaçãozinha: porque nada mudou desde então, se não tivesse havido eleições, quanto pouparia o país?

Homofobia? Não, obrigado

Não consigo entender a obsessão dos homossexuais pelo casamento, muito menos pela adopção de crianças. É óbvio que os homossexuais devem ter o direito a viver como entendam, mas o casamento deve ser apenas e só entre duas pessoas de sexo oposto. Posso parecer caduco nas ideias, mas o casamento não é uma instituição destinada a proteger a família?
Os homossexuais têm o direito de escolher a sua sexualidade, viverem na mesma casa, partilharem a mesma cama, declararem publicamente o seu amor, mas reivindicarem direitos que são concedidos, como recompensa, a casais que constituíram família, perdoem-me, mas isso não.
O sexo, em todos os seres vivos, tem como única função a sobrevivência da espécie, o prazer que advém da prática sexual, é o estímulo para que a fecundação aconteça. Quando duas pessoas de sexo semelhante se relacionam intimamente, não estão a procriar, como tal, não podendo ser descriminados, não merecem a recompensa da sociedade.
Os homossexuais são pessoas diferentes, digo-o sem qualquer sentido pejorativo, e como tal, devem ser tratadas diferentemente no que concerne a questões relacionadas com direitos sociais.
Aconselho um artigo de Nuno Costa Santos publicado ontem n'A Capital

"O debate homossexual
Há uns meses, depois de ter participado num debate sobre a adopção de crianças por homossexuais (calma, dona Arlinda, eu depois conto por que é que participei nesse debate), perguntei a um amigo homossexual (está nos cinquentas e é um ex-militante das chamadas “causas gay”) se ele era ou não a favor dessa possibilidade. Confesso que não estava à espera da resposta: «Sou contra isso. Nós somos diferentes. E casos diferentes devem ser tratados de forma diferente.» (Não, dona Arlinda, o homossexual em questão não é o Zé Carlos da farmácia.)
O meu amigo ainda acrescentou: «Grande parte dos homossexuais tem uma existência virada para o social, para o exterior, e isso não se coaduna com a vida caseira e recatada que uma responsabilidade dessas impõe.» Por que é que o trago à croniqueta de hoje? Porque se tem falado destes temas. Porque houve, nesta semana, em Viseu, uma manif contra a discriminação e a violência. Porque achei interessante e surpreendente a opinião dele. E sobretudo porque acho que no debate sobre os “direitos dos homossexuais” não se devia excluir aqueles que, fazendo parte da “comunidade”, têm opiniões como esta. (Não, também não é esse, dona Arlinda, também não é o
Alfredo do restaurante.)
Em relação à manifestação, quero aqui deixar registado que, embora não me sinta, por uma questão de feitio, um fervoroso adepto de marchas, sou a favor. Totalmente. Sim, sei que manifestações como esta têm o seu efeito.
E tudo o que seja pressionar e encurralar hooligans sociais terá o meu apoio. (Não, dona Arlinda, não é o seu marido. Eu depois conto-lhe quem é.)"

O que diz a
Diciopédia 2005 sobre o casamento

casamento

No sentido mais imediato, a noção de casamento comporta duas significações. Por um lado, indica uma convenção ou decisão de viver em conjunto e, por conseguinte, constitui um fundamento da família, embora esta possa existir sem aquele, como acontece frequentemente nos nossos dias; por outro, manifesta o estado e o género de vida que daí decorrem. Assim sendo, na primeira acepção, o casamento é considerado por alguns, como os juristas da escola dita de "direito natural" do século XVIII (1987, Segalen - La sociologie de la famille. Paris: Armand Colin), como um direito natural que se foi tornando num acto jurídico e/ou religioso nas mais variadas sociedades. Na segunda significação, é um estado de vida conjugal que define os direitos e os deveres pessoais e matrimoniais entre os esposos.
Porém, estas acepções não têm sido igualmente definidas em todas as sociedades e em todas as épocas. Com efeito, nas sociedades onde a industrialização, a urbanização e as revoluções políticas democráticas têm tido maior impacto, o casamento tem sido objecto de várias remodelações, sendo a mais significativa a que consagra a igualdade entre os esposos. Em Portugal, apesar de anteriormente se terem esboçado algumas tentativas nesse sentido, tal prerrogativa só veio a ser sancionada na Constituição da República de 1976, cujas condições de aplicação vieram depois a ser definidas no Código Civil de 1977 (art. 1670, n.º 1).
Enquanto acto jurídico, aliás como já acontecia no direito canónico, o casamento fundamentado no amor aparece como um compromisso pessoal exclusivo, baseado na vontade dos futuros esposos, expresso livremente. Contudo, nem por isso é menos institucionalizado por um rito cujas funções simbólicas e sociais são primordiais. Nos nossos dias, ainda que haja, frequentemente, uma dissociação entre o casamento e a família, todos os estudos indicam que a grande maioria das pessoas vive numa família formada segundo as regras institucionais, isto é, baseada no casamento civil e/ou religioso.
Daqui decorre um princípio geral, nas sociedades ocidentais, para a formação conjugal: o da liberdade matrimonial. O direito de casar implica, necessariamente, o direito de não casar e o direito de escolher o seu cônjuge façam parte das liberdades individuais fundamentais. O reconhecimento deste direito, a nível internacional, está consignado na Declaração Universal dos Direitos do Homem (arts. 12 e 14) e, a nível interno, no direito constitucional ou no direito civil dos respectivos países. Num caso e no outro, esta prerrogativa é consequência de uma lenta evolução do direito, dos costumes e das mentalidades, com particular destaque para os tempos modernos.
Mas se nem sempre foi assim, vejamos então, ainda que muito sucintamente, como se operam estas transformações. Na perspectiva de Lévi-Strauss (1967, Les structures élémentaires de la parenté. Paris: La Haye, Mouton), os sistemas de parentesco por aliança e por filiação integram, desde os tempos remotos aos do presente, a história da Humanidade. As proibições do incesto são, por todo o lado, associadas às injunções de casamento fora do domínio restrito do parentesco.
É assim que se opera o triunfo da cultura sobre a Natureza. Mais ainda, pese embora as grandes mutações operadas na família em relação à sua formação institucional, o certo é que todas as sociedades tendem a distinguir as famílias fundadas através do casamento daquelas que o não são, independentemente das formas, dos ritos e das significações e prerrogativas que lhes possam estar associados.
Nas sociedades ocidentais, se tivermos em conta o enquadramento religioso, o direito canónico elaborado no século XII define o casamento como um sacramento indissolúvel, cuja matéria é constituída pelo livre consentimento dos futuros esposos. Claro que esta faculdade nem sempre foi pacífica, dadas as interferências externas familiares que, aqui e ali, e durante muito tempo, teimavam em fazer-se sentir (1985, J. Goody - L'évolution de la famille et du mariage en Europe. Paris: Armand Colin). Com o devir das sociedades, as mentalidades e os comportamentos foram-se ou vão-se modificando. Por outro lado, com a influência da reforma protestante, que recusa o carácter sacramental do casamento, e das revoluções liberais dos séculos XVIII e XIX, o casamento evolui da natureza de sacramento para o de contrato. Mas, como refere Segalen (1987, La sociologie de la famille. Paris: Armand Colin), "casamento e contrato são coisas bem diferentes: a um estão atribuídas as graças da Igreja e a outro os direitos civis".
Em Portugal, estes dois aspectos foram totalmente dissociados com a implantação da Primeira República, em 1910 (Decreto n.º 1 de 25 de Dezembro de 1910). Casamento civil e casamento religioso passam a ser dissociados. Assim, exige-se um rito civil antes do casamento religioso, sem o qual este é nulo perante a lei, contrariamente ao passado. Mais tarde, com a reforma de 1977 (Decreto-Lei n.º 496/77 de 25 de Novembro), embora se mantendo esta separação, outras modificações de ordem jurídica e social foram introduzidas. É, pois, neste cenário laico e religioso que se passa a elaborar um conjunto de direitos e deveres que definem as principais características do casamento.
© 2004 Porto Editora, Lda.

Leão virou gatinho

O Sporting perdeu a taça UEFA. Três golos na baliza de Ricardo, que irá continuar na baliza da selecção, mesmo que ontem pudesse ter feito melhor em todos os golos. É certo que os russos não deram muito trabalho ao gurda-redes português, mas também não foi preciso, bastou meia duzia de jogadas e era previsível que o Ricardo falharia.
Os bons guarda-redes não são os que fazem muitas defesa boas num só jogo, mas sim aqueles que tendo pouco trabalho, sempre que são chamados a intervir, fazem-no com segurança e eficácia, o que não aconteceu ontem.
Peseiro pode muito bem ir embora. Ninguém entendeu o porquê daquela equipa ontem, e as substituições...
Como é que um jogador que está a fazer aquecimento, por ordem do treinador, é chamado ao banco, vê outro a aquecer no seu lugar, depois volta ao aquecimento e só depois é que entra, como é que esse jogador vai entrar em campo?
Adeus Peseiro, falhaste a tua oportunidade!

Não à Europa?

Eu digo sim à Europa!
Digo sim mas quero dizer não: sim à união de países europeus em torno dos valores da solidariedade social, dos direitos humanos (e dos animais), da democracia e liberdade; não à união de países pobres em torno dos mais poderosos que, a coberto da constituição europeia, nos tiraram a soberania e independência.
A não ser isso que está por detrás do tratado europeu, por favor, expliquem-me! Preciso ser esclarecido do que trata a constituição europeia.
Pacheco Pereira poder ter razões diferentes para votar não, mas se votar não, ficará do lado daqueles que por razão diversa não querem o jugo dos países ricos.
Eu digo sim à Europa, mas voto não!

quarta-feira, 18 de maio de 2005

Finalmente PS

Em 1972 Mário Soares foi convidado pelos seus amigos europeus a formar um partido. E aceitou! O objectivo era impedir que a esquerda tomasse o poder em Portugal, mal caísse a ditadura fascista. E o Partido então formado tem cumprido muito bem! Nos primeiros tempos da nossa democracia, o então secretário geral do PS reclamava "alternância democrática", o que tem vindo a acontecer, o mal é que a alternância é sempre entre os dois partidos mais parecidos do nosso sistema partidário: ora o PS, ora o PSD. Um outro facto curioso é que sempre que o PS ganha as eleições, as suas políticas são pouco favoráveis aos trabalhadores que criam riqueza (também há os trabalhadores que não geram mais valias para o país).
Quando Cavaco Silva tomou o poder, por via da situação económica internacional, vivemos um período áureo, quando o "período das vacas gordas" terminou, Cavaco fugiu e deixou o poder à mão de semear para o PS. Começou aí o período difícil em que nos encontramos ainda hoje. Durão Barroso, agora conhecido por Zé Manel, enganou-me: pensei que, como o PSD ganhou as eleições; ía-mos entrar em outro período de abundância, mas logo percebi que era falso alarme. O PS voltou a ser chamado ao poder, e está a fazer jus áquilo para que foi criado.
O fim das SCUTs são o exemplo disso. Bem-vindo PS

domingo, 15 de maio de 2005

De bestial e besta

O Benfica ganhou ao Sporting!
Depois de ter perdido com o Benfica, o Sporting arrisca-se a não ganhar nada esta época, passando assim, rapidamente, de bestial a besta. Há poucos dias o Sporting era a coisa mais fantástica que tínhamos, porém, se perder a final da taça UEFA, passará a ser a coisa mais horrível para os portugueses. É asssim o futebol. Ou se ganha ou se perde. Ganhando somos os melhores, perdendo somos os piores.

sábado, 14 de maio de 2005

O conto do vigário e a TVI

O conto do vigário e a TVI
Durante a transmissão de um jogo de futebol, a TVI anunciou em rodapé que tinha quinhentos bilhetes para um jogo do próximo fim de semana, para oferecer aos telespectadores. Para tal era preciso ligar para um número indicado, e a cada duzentas e cinquenta chamadas era atribuído o respectivo bilhete.
À primeira vista trata-se uma oferta, porém, a verdade é o inverso: o custo da chamada é de €0.60 mais IVA. Esquecendo o IVA, e fazendo as contas, €0.60 a multiplicar por 250 soma €150, o que em escudos é mais ou menos 30.000$00. Grande negócio para a TVI, já que um bilhete para um jogo sem grande interesse deve custar bastante menos.
Será que algum português vai cair no conto do vigário? Esperemos que não. E ninguém daquelas associações de defesa do consumidor viu o que eu vi?
Já agora, alguém sabe o que significa realmente a sigla TVI? Será Televisão Vigarista Independente?

sexta-feira, 13 de maio de 2005

A utopia da vida

Uma sociedade justa e livre, em que todos se relacionem harmonicamente, em que o respeito pela vontade e pelo querer do próximo, em que todos tenham tudo o que precisam para viver, é praticamente impossível de se construir. O ser humano para a sua sobrevivência, na sua génese, é muito diversificado, existindo por isso inúmeras personalidades e diferentes tipos de pessoas, o que torna a nossa vida, apesar de sermos animais sociais, numa luta constante pela sobrevivência. É natural a luta pela sobrevivência. Acontece isso em todas as espécies animais, e é essa constante guerra que faz com que as espécies se preservem e evoluam. Mas há uma coisa que só acontece entre ao humanos, que é lutarem entre entre si para sobreviverem, e isto não é para acasalar, mas sim para ser possuidor do maior número de coisas possível. Passa-se isso na actualidade, em que uns são obrigados a trabalharem a troco de um pouquinho do que produzem, enquanto outros, os que se apoderaram dos meios de produção, gozam a vida regalados, esbanjando as sobras, que para muitos humanos seria muito mais do que o que ganham a produzir a riqueza de outros. Mas é assim. Bom seria se todos tivessem igualdade de oportunidades, e ninguém tivesse motivo para se queixar das amarguras da vida, porque a vida devia ser um prazer e não um tormento. Desejar isso é utópico. Ou talvez não.
Tentam convencer-me que sim. Tentam, mas não conseguem. Na vida só há utopias se nós não acreditarmos que tudo é possível, mas se quem trabalha e produz riqueza tomar consciência de que sem o seu trabalho não há quem enriqueça não trabalhando, aí sim, aí não há utopias na vida.