terça-feira, 5 de julho de 2005

Rates, arredores de Portugal

Nasci em 1956. Dez anos depois tinha concluído a escola primária. Em 1969 fiz uma tentativa para recomeçar, aproveitando o facto de estar a trabalhar e as finanças da família estarem ligeiramente aliviadas, fui estudar à noite. Era um curso técnico e, embora não sendo a minha preferência, tentei. Tentei mas não consegui. Tinha treze anos, vividos numa pequena aldeia do concelho de Vila do Conde, e rapidamente sucumbi ás tentações da boémia. Chumbei no primeiro período por faltas, mas não perdi tudo; foi nessa altura que iniciei a minha actividade política. Desde essa altura, só voltei a ver uma escola por dentro na época do recenseamento, em que participei activamente.
Actualmente com quase quarenta e nove anos, tento que as minhas filhas não sigam o mau exemplo que sou, apesar de hoje tudo ser diferente, para melhor. Preocupam-me as notas delas. Tento na medida do possível ajudar no que posso. Quero ter orgulho nelas um dia mais tarde e não me envergonhar de tudo o que elas vierem a ser no futuro.
Vem isto a propósito de os pais se preocuparem com o futuro dos filhos, atitude natural, mas que não é seguida por todos neste país. Sendo eu um “filho da Nação”, supostamente o “meu pai” será o Estado, logo devia se preocupar com o bem-estar de todos os seus filhos, em todas as suas vertentes, económica, social e cultural.
Hoje vai ser explicado ao país onde como e quando, vai ser aplicada a astronómica verba anunciada há dias pelo executivo do Eng. Sócrates. É certo que vão dizer que tudo estava no programa eleitoral do PS, portanto têm legitimidade para aplicar o dinheiro onde como e quando lhes aprouver. Mas aqui a questão é outra. Trata-se de respeitar os que votaram noutro sentido nas eleições que os elegeram, ou seja, uma boa parte dos eleitores não escolheram este governo, mas também têm opinião, o que equivale a dizer que, para investimentos desta envergadura, como os que vão ser anunciados, sendo estrategicamente importantes para o país, não lhes ficaria nada mal reunirem o maior consenso possível à volta deste assunto, porque eu ouvi falar em mil milhões de euros para investir na “banda larga” e, como ainda não chegou à minha zona, se fosse possível investir algum aqui, eu nunca mais me importaria de ouvir dizer que Portugal está no pelotão da frente, no que diz respeito à implementação das novas tecnologias, caso contrário, vou continuar a achar que vivo nos arredores de Portugal. É que a internet para mim também é uma ferramenta de trabalho, mas como é tão dispendiosa (gasto cerca de 40 euros semanais), limito-me a utiliza-la só à noite, fazendo um esforço para me manter acordado no dia seguinte logo a partir das sete da manhã.

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