segunda-feira, 8 de abril de 2013

Eu digo não

Quando, ao instalar "software" no meu computador, me perguntam o idioma em que quero ler as normas contratuais, já sei que vou escolher uma língua inexistente. Escolho, obviamente português, mas leio sempre em "brasilês". Conformo-me com as normas, e raramente tenho a opção de escolher o idioma em que o programa vai operar. Ao menos nisso, as empresas distribuidoras são sensatas: prefiro o inglês ao português mal escrito. Mal ou mau escrito?
Não sou conservador, mas há limites para tudo. Este Acordo Ortográfico não serve para normatizar a língua portuguesa, escrita ou falada. Para além de apenas Portugal "ceder" às exigências do Brasil. Se Registo e REGISTRO se mantêm, se o Irão no "Brasiu" continua a ser IRÃ, se em Portugal continuamos a não ter "USINAS", por que raio temos que deixar cair as "consoante mudas", sendo que essas consoantes "mudam" mesmo o sentido das palavras? Mas não é só nas consoantes mudas que existe o meu desacordo.
Um menino, do quarto ano, descreveu numa "composição", a alegria que sentiu, quando o pai regressou, depois de uma tentativa falhada de trabalhar noutro (ou em outro?) país.
"... Quando me virei para o este, vi, ao longe uma nuvem de poeira. Era o táxi que transportava o meu pai, de regresso a casa."
-Este este, de que falas na tua composição, é o ponto cardeal? - Perguntou o professor.
-Não, este este de que falo é o rio que passa por trás da nossa casa e desagua no ave.
























Quem publicou isto, foi Marcos Bagno, no facebook.

Quem é Marcos Bagno?
Marcos Bagno
É professor do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília, doutor em filologia e língua portuguesa pela Universidade de São Paulo, tradutor, escritor com diversos prêmios e mais de 30 títulos publicados,[1] entre literatura e obras técnico-didáticas.
Atua mais especificamente na área de sociolinguística e literatura infanto-juvenil, bem como questões pedagógicas sobre o ensino de português no Brasil.

Eles ganham "prêmios" e são torcedores de "times" de futebol. Nós não.

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